Mas arranja-se sempre um tempinho para pensar na vida. Nem que seja para fugir dela a sete pés.
junho 25, 2011
Retrato da blogosfera
O mundo dos blogues não é, como se diz por aí, um retrato fiel do mundo fora do computador. É pior, muito pior. É um mundo onde há nicknames, avatares, identidades inventadas, máscaras, perigo, impunidade, anonimato. Onde pessoas habitualmente controladas pelos travões sociais podem esquecê-los e agir como se fossem donas do mundo. Com uma sensação enorme de poder. E muita covardia, claro, mas isso já se sabe.
É uma amostra não da vida real, com os seus filtros sociais, mas do que se passa na parte mais profunda da consciência individual. A pessoa por detrás do blogger, quer queiramos quer não, é muito pior do que o blogger. A coberto do anonimato, é capaz de actos e afirmações que nunca faria pessoalmente, seja por covardia, seja por medo de represálias, seja por que tem consciência de que a sua vingança é muito mais errada do que aquilo que a provocou.
Um sítio onde se ultrapassam todas as fronteiras da decência, todas as regras de conduta, onde se projectam rancores e ressabiamentos, fúrias e invejas disfarçadas, amores frustrados, onde, sem censura, se exerce a vingança suprema de atacar aquilo que é mais sagrado ao indivíduo: a sua vida privada.
A blogosfera é mais real que a própria realidade, por que um blogger se pode comportar como se fosse um líder maléfico de um império inventado onde reina em absoluto, onde tem poder total sobre a vida dos seus súbditos e dispõe dela como lhe apetece, para seu divertimento ou vingança. Tem liberdade, por ter impunidade (ou achar que a tem), para ofender, humilhar, enxovalhar, espezinhar, inventar, photoshopar fotografias, transformar meias verdades em mentiras rotundas, atacar, do alto da sua torre, a jugular do seu inimigo.
Não, não tenho saudades.
maio 22, 2009
Crónicas do Brasil profundo, mandadas pelo Diogo :D

- Deixe estar, não precisa...- Esquenti não, oçê vai vê...esse cara é f***, desinrola tudo.
(não digo nada, só me desmancho)
- Mas o certo era outro negócio: o dinheiro que cê tá gastando no barco cê fazia uma ponte, e aí quem quisesse usá tinha qui pagá. Cê ficava rico rápidinho...
(continuo sem conseguir dizer nada com as gargalhadas internas)
- A f*** é que português não pensa do jeitinho brasileiro. Eu acho que é porque não come farinha...
maio 18, 2009
F****** assholes

abril 27, 2009
Quem anda a matar árvores?

abril 24, 2009
Uma pessoa inoxidável
abril 08, 2009
Ugly Oilily - David e Golias, ou (mais) uma história de plágio
A empresa Oilily, o Golias deste caso (uma marca muito conhecida de roupa infantil e afins, para quem não sabe), copiou descaradamente um dos bonecos da Rosa Pomar, uma designer portuguesa, produzindo-o em massa na China, ainda por cima. No fundo, a Oililly está a fazer dinheiro à conta do talento da Rosa Pomar, o que é nojento.



Dear Oilily representative,
I am aware that your product no. 103394-3005 is a copy of Rosa Pomar's
well known soft doll and that she hasn't given you permission to use her design.
As a consumer, I have lost my confidence in your company. I will never buy from
you again and I will advise everyone else to do the same until you have
corrected this situation.
Please stop selling product no. 103394-3005 and all other products that
include the image of this doll immediately. You should also contact Ms. Rosa Pomar and compensate her for her loss.
Sincerely,Your name
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março 20, 2009
Quarto dos Mortos*
Todos vocês já ouviram de certeza falar disto: um anormal qualquer não teve ideia melhor para se autopromover mundialmente do que atar um cão abandonado na rua (outra ironia: o canito chamava-se Natividad) e deixá-lo morrer lentamente à fome e à sede às vistas de quem visitava aquela "exposição". Para cúmulo, o artista, de seu nome Guillermo Vargas Habacuc, foi convidado a fazê-lo outra vez este ano.
Se eu vivesse perto da dita "exposição", das duas uma: ou matava o filho da puta do Habacuc à chapada ou, se não quisesse problemas, pagava bilhete todos os dias só para dar água e comida ao cão. Palavra que era gaija para sequestrar o dito cabrão e enfiá-lo no meu Quarto dos Mortos*, qual Fritzl, e matá-lo à fome, à sede, e, já agora, ao pontapé nos tomates.
Mas há aqui coisas que eu, juro, não percebo. Uma coisa é o filho-da-puta do Habacuc que se quer autopromover e não olha a meios - e o facto é que conseguiu ser conhecido a nível mundial; outra é o museu (não sei qual é, nem me interessa) que conseguiu o mesmo. Até aqui ainda vou. Não aceito, mas percebo. Mas o que eu não percebo mesmo, por mais que tente, é a quantidade de gente anónima que por ali passou todos os dias, que viu a agonia do Natividad, que lhe percebeu o desespero nos olhos e não fez NADA. Rien. Nothing. Zero. A ponta dum corno, falando em bom português.
Se acham que eu tenho razão, assinem, por amor de Deus, a petição aqui: e não, não há desculpas.
* Tenho uma divisão na minha casa que é chamada assim há décadas. Um dia conto, juro.
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março 07, 2009
Farinha do mesmo saco
fevereiro 26, 2009
O BCP é brasileiro

E que tem a suprema lata (e a ingenuidade) de estar à espera que moi, que apesar de não ser adovogada até sei ler e não sou parva de todo, vá assinar assim nem mais nem menos só porque sua excelência a primeira coisa que mostra é a linha onde teve o descaramento de pôr uma cruz.
Levou uma tampa, obviamente. Agora é a minha vez de os mandar baixar as calcinhas. Detesto bancos e, mais que todos, os cabrões do BCP.
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janeiro 17, 2009
Carteira recheada

Também mencionei um cão grande e preto, que, apesar de obviamente não caber na carteira, fez mais do que uma vez com que a arma carregada nunca fosse precisa.
novembro 18, 2008
Estive quase
Gente que gosta de animais é gente boa: ponto número 1. Gente que gosta de crianças também: ponto número 2 - é quase** a mesma coisa. Gente que NÃO PERCEBE NEM À LEI DA BALA que uma pessoa esteja triste como o caraças e/ou chore baba e ranho quando perde e/ou pode perder um bicho de estimação, é coisa que não me entra na cabeça - até diria mais, é irracional, no pior sentido da palavra (é como quem não gosta de gatos: é porque nunca teve nenhum): ponto número 3. Para eles, a segunda tágue.
* Não me chateiem, acabei de inventar.
** Há crianças insuportáveis. É um facto, get over it. E digo mais: há muito mais crianças insuportáveis que animais insuportáveis. Mas é que nem tem comparação.
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novembro 03, 2008
Portugal dos Pequeninos

outubro 31, 2008
setembro 10, 2008
agosto 20, 2008
O país do Carnaval #2488

Em menos de um ano, o Lulinha (Fábio Luís de sua graça), filho do presidente Lula, deixou de ser Monitor no Zoológico de S. Paulo, onde ganhava cerca de 600 reais, para se transformar um fenómeno no mundo da alta finança brasileira.
Ao tentar explicar o tremendo sucesso do seu filho, cujo enriquecimento é um caso raro (eu diria único!) no mundo dos negócios, o presidente Lula disse: "Deve haver um milhão de pais reclamando: 'porque meu filho não é o Ronaldinho?' Porque nem todo mundo pode ser o Ronaldinho!"
E há mais. Um ano depois, Lulinha comprou uma fazenda de gado por R$ 47 milhões de reais - pagos em cash - a qual, por coincidência, claro, foi a primeira a receber o Certificado de Exportação de Carne para a UE... O ex-proprietário da fazenda é um dos "maiores produtores de gado nelore do Brasil e vendeu, de porteira fechada, a referida fazenda pela bagatela de 47 milhões de reais".
Eu se fosse brasileira estava tããããão orgulhosa!!!!
agosto 05, 2008
Manifesto

Este blog nunca foi, não é e nunca vai ser uma democracia. Nele vigora, como sempre vigorou, uma total liberdade de expressão - da minha parte, obviamente.
Critiquem-me, insultem-me, be my guest - ou provem que estou errada. Mas não se esqueçam de que esta é apenas a opinião de uma emigrante que, não por acaso, vê concordância em todas as pessoas que tiveram a mesma experiência - as cujas, obviamente, têm efectivamente dois dedos de testa.
Vai haver consequências. Eu sei. O Capitão-Mor, meu colega de sina, fez o mesmo há uns tempos atrás e teve-as. Mas ele, apesar de cáustico q.b., foi extremamente bem educado (demais, na minha opinião) e acredito que a sua prosa técnica e elegante desmotivou a maioria dos seus críticos. Não será o meu caso. Como se diz no meu Ribatejo, tenho o coração um metro fora da boca. Por conseguinte, desde já peço desculpas à minha irmã, que mantem uma vastíssima rede de amigos brasileiros que são, obviamente, honrosas excepções à regra e, desculpem dizê-lo, precisamente os que a confirmam.
Abaixo transcrevo parte de um mail que mandei a uma grande amiga minha há uns meses atrás. É da falta dela, e/ou de gente como ela, que me queixo. Passado quase um ano, e a menos de um mês de me ir embora definitivamente do Brasil depois de quase oito anos, olho para trás e vejo, sem surpresa, que nenhum dos meus sentimentos mudou - obviamente porque as circunstâncias que os causaram também não mudaram.
Olá, P. (...)
Desculpa a ausência, mas tenho andado numa roda viva com um cão adoentado, camarão que não cresce, ração que chega com uma semana de atraso, luz que falta 24 horas seguidas (...), tudo ao mesmo tempo. Enfim, o divertido dia-a-dia de quem anda cá fora a lutar pela vida.
Mas tá-se bem, àparte as dificuldades, que têm sido muitas e variadas. Pelo menos já tomámos a decisão conjunta e definitiva de desandar e ir para aí sofrer como vocês com a inflação, a burocracia (se vocês acham que há burocracia aí, experimentem aqui), o desemprego generalizado, etc. Nem que seja para variar de cenário, que aqui sofre-se com a incompetência como profissão, a desonestidade como ambição, os calotes como desporto, a lei como piada, pois só é cumprida para servir os interesses de quem paga mais por isso, os complexos de quem não é “europeu” em relação aos que o são, os preconceitos de ser estrangeiro - e rico, por analogia (o que, por sua vez, isenta automaticamente um brasileiro que se preze de ter que pagar o que compra e/ou deve - e esta moral distorcida é, talvez, o que me me torna mais insegura neste país – como é que se vive sem normas?!).
As coisas que gosto aqui? O clima, o meu alpendre, o espaço que tenho e que me permitiria ter 20 cães e 10 cavalos se me apetecesse, as viagens de barco pelo rio, a incrível facilidade com que tudo cresce e o luxo de ter uma empregada 8 horas por dia e 6 dias por semana que me custa praticamente nada. E também a música, fantástica. E mais nada. É triste conseguir resumir o melhor de um país em exactamente 61 palavras, não achas? Ainda mais quando usamos adjectivos, pronomes e outras ajudas gramaticais. Não consigo não pensar: se tivesse feito uma "check list" esta não conteria mais de 7 tópicos...
Estou cá há 7 anos e o meu círculo de amizades resume-se, mal e porcamente, a 2 portugueses e respectivas gaijas (que eu aturo por deferência), 2 escoceses (graças a deus ainda sem gaijas), um casal de belgas, a minha empregada Pazinha, que adoro incondicionalmente, mas cujo marido, por outro lado, me dá uma trabalheira desgraçada, e uma alemã que ainda não decidi se é porreira ou se já está contaminada pelo namorado inevitavelmente brasileiro. E é só. Não fiz um(a) amigo(a) brasileiro(a), à excepção talvez da X., razoavelmente viajada e civilizada, mas para quem eu normalmente não tenho paciência para aturar porque, apesar de ser óptima pessoa (e por isso se distinguir dos habituais cravas), não tem grande interesse intelectual. Os meus dias são uma sucessão de:
- decidir o que fazer para o almoço e para o jantar;
- ver televisão;
- ler;
- escrever (pouco);
- brincar com os bichos e, eventualmente, dar-lhes banho;
- inventar hobbies parvos para ocupar o tempo, tais como (e isto é só uma pequeníssima amostra dos extremos a que já cheguei...) ponto cruz (iniciais em roupa de bébé que depois dou a quem precisa); bijuteria (este vai ficar porque me dá imenso gozo), pintura (decidi que precisava urgentemente de um curso técnico e parei, que remédio...); crochet (pegas de cozinha e pouco mais); tricot (camisolas?, num clima destes?); jardinagem (tenho uma hortinha amorosa onde cultivo o que não consigo comprar aqui perto: alho francês, rúcula, courgettes, agriões, etc) e coleccionar receitas de cozinha da televisão (depois mando a Pazinha fazer, claro).
... e por aí fora. Consegues começar sequer a imaginar o deserto cultural em que estou metida? Agora multiplica por 100 e talvez chegues perto. Trouxe um monte de livros para cá das três vezes que fui a Portugal em sete anos – há uma única livraria em Parnaíba, mas o que consegue lá é Dan Brown, John Grisham, auto-ajuda e espíritas (aaaargh!) – e, por mais que eu goste de Fernando Pessoa e Florbela Espanca, já estou um bocadinho cansada de ler os mesmos livros. Preciso urgentemente de me actualizar. Não tenho internet em casa, só quando vou à cidade. Tá bem que tenho 60 canais de televisão, mas não tenho DVD, nunca tive: acreditas que a minha tia Lurdes, de 85 anos, teve que me ensinar a mexer no dela, quando estive aí há uns meses?? Continuo a ouvir a mesma música de sempre. Para mim, música contemporânea de qualidade ainda é Ben Harper. E o meu telemóvel não tira fotografias. Para quê?, tenho 5 máquinas fotográficas (vá lá, uma delas é digital...) que não uso. E ainda acho que cor-de-rosa é a cor da moda.
Há algumas coisas boas que resultaram deste meu isolamento forçado. Acho eu. Em alguns aspectos, estou mais tolerante com a humanidade em geral: parto do princípio de que todos os brasileiros são burros e portanto sou eu, como ser superior, que tenho que ter mais paciência. Noutros aspectos não: já não me levanto para dar lugar a velhinhas - se estivessem no meu lugar, jamais lhes passaria tal coisa pela cabeça - por uma gringa, jamais! -. Já não acho que pessoas estúpidas deviam ser mortas à nascença (pelo menos não todas), até porque isso acabaria com 95% dos brasileiros e era chato, convenhamos. Por outro lado, desenvolvi um “interesseirismo” que não tinha (a este nível de sofisticação, pelo menos) e que me dá um jeitão quando quero alguma coisa, porque já não tenho remorsos. Já não grito por dá-cá-aquela-palha (poupo-me mais), apesar de insultar alegremente cada idiota que se cruza no meu caminho e que tem o azar de me contrariar. Parto do saudável princípio (do meu ponto de vista, claro...) de que, se uma pessoa “dita normal” não for capaz de servir bem à mesa (i. e., de não se conseguir lembrar de um simples pedido de um café e um pão de queijo, e trazer, assombrosamente, depois de confirmar o pedido por escrito, uma Fanta de laranja e um pão com fiambre!), será incapaz de fazer alguma coisa bem feita pelo resto da vida, sendo que o melhor é desenganá-la logo de uma vez: assim não tira o emprego a alguém mais válido e pode logo entregar-se assumidamente à vagabundeagem profissional - ocupação, obviamente, para a qual nasceu. Bónus: estou altruisticamente a fazer um grande favor à sociedade brasileira, ao livrá-la de um idiota, ladrão, inútil e incompetente fardo.
Estou mais sarcástica? Nããããão... estou mais velha, infinitamente menos paciente, absurdamente menos tolerante. Acredito firmemente que o Grande Povo Português é o mais trabalhador, simpático e honesto do mundo. Acho que os brasileiros deviam ser todos mortos à nascença, à excepção talvez das putas (excelentes profissionais: o talento é nato) e dos publicitários (esta é em tua honra). Sem ofensa - e por seres quem és, tenho a certeza que, pelo contrário, darás uma valente gargalhada - concordarás comigo que as duas profissões se tocam na área da "sedução"...
Bom, para teres uma ténue idéia do que eu estou feliz por viver nos trópicos, acho que isto deve ter chegado. Cenas dos próximos capítulos: como tentar criar camarão num país onde aparece um vírus desconhecido no planeta, e onde todos, inclusivamente o governo, fingem que "no pasa nada", e não dar em doida.
julho 01, 2008

junho 17, 2008
eh eh eh

abril 09, 2008
Ai o que eu gosto do Obama

Deve ser logo a seguir ao Bin Laden.
«Nunca me considerei racista»

PS - E não é que o estupor tem um blog???