outubro 06, 2007

VGNs

O termo velha gaiteira deve ter sido inventado por algum tuga de férias aqui na Parvónia. Um pouco míope, talvez, e com os sentidos ligeiramente embotados depois de 4 ou 5 cervejitas bem geladas tomadas na esplanada da lanchonete a ver a bunda passar, encanta-se com alguma figura esbelta e loira, envolta em lycra colante e calçada de sandálias de tirinhas doiradas que lhe deixam o calcanhar bem tratado a pelo menos 12 centímetros do chão. Mas eis que a sereia se volta de frente... e eis também que o nosso tuga bacoco tem a primeira ameaça de síncope (ou outra coisa do género), quando vê que, afinal, a sirigaita tem pelo menos 60 anos - ou seja, a mesma idade que ele.

As velhas gaiteiras nordestinas (VGNs) metem as nossas num chinelo - ou melhor dizendo num tamanco - em gaiteirice, entenda-se, que ao pé daquelas passam perfeitamente por beatas de igrejinha de província. A sua vestimenta é sempre igual, com pequenas variações de cor entre o cor-de-rosa-pirata e o roxo, com passagens frequentes pelo azul-turquesa, cor-de-laranja, verde-água, o sempre apreciado salmão (ah, o salmão...) e o eterno azul-eléctrico. Não são grandes adeptas de padronagens, excepção feita à popular "oncinha", sempre muito bem acompanhada por muito dourado. O dourado, aliás, apesar de não o ser, é "a" cor. Está presente nas já mencionadas sandálias himalaicas, nas bolsas de pailletés e vidrilhos, nos colares de três voltas e nos brincos tremeliques que lhes chegam ao decote vertiginoso debruado a strass. Já para não falar nos cabelos. Há mais loiras aqui que na Suécia.

De longe, as VGNs são gémeas das próprias filhas. Vestem as mesmas coisas, ouvem a mesma música, vão aos mesmos sítios. Se a lycra fôr suficientemente grossa, disfarça eficazmente de celulite a varizes e ainda serve de cinta, segurando tudo no sítio - o pior é que se alguém lhes chega um alfinete, corre-se o risco de explosão, agravada pelas nuvens de perfume - provavelmente chamado "Louca Paixão", "Vertigem de Lírio Rosa" ou "Sedução Oriental" - que deixam no seu caminho.

7 comentários:

Anónimo disse...

Venham elas que a descrição agrada Mad !

Mad disse...

Credo, Manel, acho que levavas uma volta que nem sabias de que terra eras! E porque não as filhas (ou netas), que custam exactamente o mesmo preço (mais ou menos uma coca-cola ou uma voltinha de carro alugado...)?

RReinales disse...

Bom, mais côr, menos côr, é preciso é que agente chegue a velhos gaiteiros. Já me vejo numa espécie de love boat com 90 e picos!

Anónimo disse...

Muito viperina Mad!Espero que não haja reencarnação ou quem sabe voltes numa VG....quem está mal que se mude!
Este blog por enquanto é lido por pessoas brasileiras e nordestinas...quem escreve o que quer ,lê o que não quer!

Maria Feliz disse...

UI...

Vai haver chapada e puxões de cabelos?? Avisa-me sff!

Beijo e viva a liberdade de expressão:)

Mad disse...

Ritinha, bem vinda este blog à deriva no meio do atlântico.

É exactamente para isso que eu tenho o blog: para guerras, discussões e muita polémica. E tens razão numa coisa: eu estou mal e vou mudar-me. E vou continuar a escrever aquilo que me apetecer.

E, parafraseando a FL, viva a liberdade de expressão: é a definição de democracia e o que torna este mundo suportável.

Beijos. Volta sempre para me dares mais umas alfinetadas.

ana v. disse...

ooops!