junho 14, 2007

A simplicidade feminina

Depois de um telefonema compridíssimo de uma amiga que não tive tempo para ver enquanto estive em Portugal, e que tinha acabado de chegar de um congresso em Paris, apetece-me mandar ao diabo o facto de não gostar de clichets e afirmar, em alto e bom som, aquilo que toda a gente sabe há milénios:

Os homens não entendem as mulheres!

E nós somos um livro aberto! Basta prestar um mínimo de atenção para saber o que nos vai na mente e no coração. Mas, como não costumamos dizer o que pensamos – e os homens não costumam perguntar... – a confusão instala-se.

Precisamos de nos sentir queridas o tempo inteiro. Não há sensação melhor que entrar num restaurante e sermos notadas, seja pela beleza, pela roupa que vestimos, por levarmos um exemplar de Les Misérables debaixo do braço (fica sempre bem), ou, em última instância, pelo homem que nos acompanha – qualquer coisinha serve. E nem é preciso que quem nos nota seja o George Clooney. Se recebermos um piropo de um operário, por mais ordinário que ele seja, já nos achamos o máximo!, mesmo tendo que mostrar o ar escandalizado da praxe...

A obrigação de qualquer homem é notar a mulher que está com ele. Se a notar, tem a papinha toda feita. Esta minha amiga contou-me que encontrou um colega de profissão no avião para o tal congresso, que nem cinco minutos depois da descolagem se atirou a ela de uma forma tão descarada que a deixou sem reacção. Ao notar isso, ele mudou radicalmente e concluiu: “Bem, já fiz a minha obrigação. Agora não não se fala mais nisso.” E portou-se lindamente durante o resto do congresso. Um querido, convenhamos. Com uma certa falta de jeito, mas um querido.

Noutra ocasião, ela conheceu outro homem num jantar bem regado. Achou-o convencido, desinteressante, mas mesmo assim (às vezes acontece) acabaram na cama, em casa dele. No outro dia de madrugada, enquanto ele ainda dormia ferrado, ela levantou-se na ponta dos pés, arrebanhou a roupa, os sapatos e a carteira, esqueceu-se dos brincos (e falem-me de atos falhos!) e saiu em bicos dos pés. Depois de um café e duas aspirinas, ela não sabia se havia de mudar de cidade ou só de telemóvel. A farra não tinha sido má de todo, mas ele não interessava nem ao Menino Jesus...

Mas passou o dia e ele não ligou. E ela começou a ficar nervosa. Não que o quisesse ver outra vez, mas por amor de Deus!, ele tinha obrigação de ligar. Mas nada. Que raiva! Tentou justificar-se por ter saído de casa dele sem nem sequer deixar um bilhetinho. Pelo sim pelo não, vestiu qualquer coisinha bem simples para o caso de ele lhe aparecer em casa e ela ter o ar de quem não estava nada à espera. Mas ele não apareceu. E a coisa começou a azedar. A não ser que ele tivesse tido um infarte, não havia explicação! Lá bem no fundo, ela não lhe conseguia perdoar o facto de ele não ter aparecido esbaforido à sua porta, com um ramo de rosas obscenamente grande, a dizer “eu TINHA que te ver!”... E como ele não deu uma demonstração de que aquela tinha sido, inequivocamente, a noite mais fascinante da sua vida, ela ficou a odiá-lo como só uma mulher é capaz, ao mesmo tempo que daria uma perna para que ele tivesse ligado.

Moral da história: custava alguma coisa ele ter ligado (nem que fosse para dizer que ela se tinha esquecido dos brincos...) e então desaparecer, depois de a ter feito sentir que era o máximo? Não custava. As mulheres são assim. Siiiiimples.

11 comentários:

Maria Feliz disse...

Ai, ai... Homens!!! Vou aconselhar este texto VIVAMENTE!

E decididamente, nós somos tão fáceis de entender!

Nota: Porra!!! Ainda se queixam as minhas amigas que eu as exponho... Vai lá vai!

Bejufas

Anónimo disse...

Fáceis de entender, simples, livros abertos??? Nós, as mulheres??????
Meninas, enxerguem-se!
Sejam honestazinhas:
Nós conseguimos sempre enlouquecer os pobres coitados com as nossas eternas complicações, eles que só querem um prato, uma cama (de preferência recheada) e uma televisão para ver o futebol!
Eles, sim, são livros abertos... em qualquer estante.
E com esta me vou, que já tinha prometido não comentar mais nada. Mas não resisto.
bjs
ana

JOAO MARIA disse...

Pois eu so oiço bocas dos meus filhos, por olhar,
sempre sem outras intensoes, apenas ver o que é bonito.Somos uns sortudos todos por conseguirmos ver . Mas confesso tambem , que posso ser alguem sem jeito nenhum.
mas uma coisa é certa, nunca vou deixar de olhar para coisas bonitas, sejam , mulheres, uma boa paisagem , sei la, um aparte a ana nem todos sao como dizes

pai de joao maria

ana v. disse...

Pai de João Maria,
não te zangues comigo, é só uma caricatura. Eu sei que nem todos são assim, claro, e também sei como é perigoso generalizar seja o que for. Estava a brincar, ok?
Ana
(mãe de outro João Maria)

JOAO MARIA disse...

uma das grandes virtudes que acho que vou ter eternamente, é zangar-me com alguem , Ana
que giro teres um filho joao maria.que idade tem?
beijinho a ele e a ti tambem

JOAO MARIA disse...

desculpa
enganei-me .....
é NAO zangar-me.....

Anónimo disse...

Prima,
É verdade, meeesmo. Os homens não nos percebem. Às vezes, podiam ao menos fingir que sim, que a gente até fingia também não perceber que eles estavam só a fingir...
Ok, somos um bocado complicadas, mas quando queremos... somos o que queremos.
Sabes que adoro o teu blog ? Acho que estou a ficar "juro-que-tenho-mais-que-fazer-dependente".
E obrigada pela solidariedade deste teu post (sim, porque o teu Cachucho percebe-te, right ? - e mesmo que não perceba SEMPRE, não te podes queixar muito, pois não ?)
Beijinhos grandes para os 2
Rosarinho

João Paulo Cardoso disse...

Se é ou não complicado conhecer as mulheres?

Depende das mulheres. Depende dos homens.

Mesmo a mais complicada das mulheres é facilmente descodificada por quem a ama a sério.

Beijos.

Mad disse...

JP, não há mulheres complicadas. Há homens distraídos. Já alguma vez mencionei que adoro eufemismos?

Micas!!!! Já aprendeste a comentar? BOA!!! E quando é que sai o blog? Beijos.

Ana, que história é essa de não comentares mais nada?

Flora, já temos casório à vista ou não?

Olá, Joca!

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Pronto, já falei a toda a gente. Até para a semana...

Maria Feliz disse...

Destravada linda,

O João Maria que te aparece aqui não é o Joca. É o pai do João Maria Rebelo de Andrade, que tem o blog "Peter Pan & outras Histórias". Também já os conheci e são uns queridos.
Eu sei que é muito João, mas não os baralhes.

Quanto ao resto, depois falamos!

Beijos

PS: Diz ao Diogo que eu gosto muito dele porque ele cumpre promessas... mesmo a esta distância!;)
Pronto, está bem! Também gosto muito de ti!

Anónimo disse...

Prima!!!

É verdade, já consigo pôr comentários! Estou a ficar "muito à frente". Mas o blog, nem penses (e a concorrência fortíssima e absolutamente imbatível das primas??!)

Beijos