novembro 21, 2007

Verde-vivo, cinzento-chumbo e azul-cobalto

Quanto mais vivo nos trópicos, mais vontade sinto de conhecer a Irlanda.

É sonho antigo, fortalecido por esta minha estadia tão perto da linha do Equador, onde os dias são do mesmo tamanho das noites e o pôr-do-sol pálido dura minutos e teima em não me oferecer aquele espectáculo infernal de tons de encarnado-sangue, laranja-fogo, cor-de-rosa-choque e roxo-paixão, que, com resquícios evidentes de adolescente atacada de pirosite aguda, fotografei ad nauseum a minha vida inteira.

À Irlanda, visto-a sempre de três cores: verde-vivo, cinzento-chumbo e azul-cobalto. Sonho-a sempre deserta, ignorando firmemente as suas guerras, a insularidade quase demente das suas gentes célticas de fama beberrona e briguenta, altivamente orgulhosas por se saberem invictas, de longas barbas ruivas e olhos azuis-quase-brancos, e só penso nas escarpas cinzento-chumbo a mergulhar a pique no oceano, de costas para as colinas atapetadas de erva rasteira verde-vivo e salpicadas aqui e ali por azedinhas e amores-perfeitos (e haverá nome mais perfeito para uma flor?), enquanto convivem paredes meias com lepprechauns, à espera da onda azul-cobalto definitiva que as levará com ela.









19 comentários:

Alf disse...

No mês passado gastei dinheiro num bilhete de avião para Dublin que não cheguei a usar...

Mad disse...

Ai que raiva!!!

Maria Feliz disse...

Ui... nós não somos assim TÃO parecidas, pois não?!

Huckleberry Friend disse...

Alf, manda-mo, que eu tento falsificar a data e parto já amanhã... acho que poucas coisas me fariam tão bem. Bom, se não for possível vou a outra ilha mais próxima, o meu Baleal retemperante. Mad, um beijinho outonal e obrigado pela lufada de ar céltico!

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

Bonitas fotos desse país de gente irmã.
(Tese complicada)

Agora percebi, creio... és portanto portuga (portuguesa vivendo nos Brasis?)

Que me dizes, ocasos sem cores??

Pois! a gente é que pensa que aquilo que cá temos... é assim por todo o lado... ou muuuuuiiiiiiiiito melhor!!!

(Bem este ''cá'' que eu uso, também quer dizer muitas coisas diferentes...) Ai, que trapalhada...

E o pôr-do-sol nada tem a ver com pirosites, Senhora. :)

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

Há mais uma fotografia que acho bonita...

Capitão-Mor disse...

Realmente, uma das coisas a que nunca me habituei por aqui, foi com os horários. Gosto de disfrutar daqueles fins de tarde intermináveis de Junho e Julho...
Irlanda? Prefiro as terras altas da Escócia.

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

Caro Capitão-Mor, olá!

Então como é que são aí os fins de tarde? Mas que mistério.

Já agora, deixei-lhe num outro blog a receita da soupa de mostarda, :) mas não espere muito... ;)
Para gstronomia, meu caro, as experiências aqui, só para anedotas!

Mas também gosto de mostarda!

Cumprimentos aos dois!

Mad disse...

Flora,
Não. Tu és mais Miami. E ainda queres ir para as berças! Dou-te 1 ano...

Huck,
Também vejo muitas parecenças entre o Baleal e a Irlanda (se esquecermos o verde...). Acho que é por isso mesmo que ela sempre me fascinou.

Terp,
Gente irmã? Parece-me que as invasões celtas aí pela península se diluiram em tanto sangue mouro que pouco restou...
Se a fotografia é a que eu penso, obrigada. :)
Sopa de mostarda? Também quero!
Bem vinda e volta sempre.

Capitão,
Pois é. O pôr-do-sol aqui dura 15 minutos... 20, vá. E é pintado de salmão clarinho, a cor mais horrorosa do mundo.

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

15minutos???
Já não vou para o Brasil!!
:)
obviamente. A foto é essa, sim.
Quanto às gentes irmãs - pois... estava pensando em tempos muito mais antigos.

Obrigada Mad, é recíproco,

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

Cara Mad
Parece que deixaste uma mensagem na Ilha, mas depois não consigo ver nada...

Pelo menos é isso que o blog acusa.?

É só para dizer, pois aquilo anda a apresentar assim umas falhas, de vez em quando.
Cumprimentos

Gi disse...

Lindas as paisagens, apetece fazer as malas e partir. A palete de cores com que a descreves só por si é convidativa . Acho que forma as lendas que desde cedo me despertaram o interesse por aquela terra, aquelas gentes ...

Um beijinho

Anónimo disse...

Prima, táscada vez melhor! Adorei o texto e as fotografias!
Beijo

ana v. disse...

Uma sugestão: vai ao clube de video mais próximo (eu sei, eu sei... mas quando fores a Parnaíba, ou assim) e aluga "A filha de Ryan". É um banho de Irlanda que até dá gosto. Não é o mesmo que lá ir, mas é melhor do que nada. Ah, também podes ouvir a Mary Black ou a Tori Amos. Ajuda, o som.
Beijos
m'ana

Fatyly disse...

Pelas fotos dá gosto visitar.

Tenho saudades dos pores-de-sol de vinte minutos lindos, quentinhos e longe, bem longe deste frio desgraçado:)

Beijocas

Terpsichore Diotima (lusitana combatente) disse...

Cara Mad
O meu server já corrigiu o erro: estava a colocar o primeiro comentário como um novo ainda não publicado, o qual não conseguia ver, ao mesmo tempo.

Cumprimentos, também à Fatyly!

Teresa disse...

Outro dos muitos sítios que estão na minha lista mental (e o meuOscar Wilde nasceu em Dublin). Como a Nova Zelândia...

Um beijo.

Anónimo disse...

Lindas as fotografias!

Estou como a Terpsichore, assim já não vou ao Brazil.

pronto!
:)


beijinho

Mad disse...

Eu não tenho DVD nem vídeo, mas mesmo que tivesse, duvido que por aqui tenham ouvido falar n'A Filha de Ryan. Aqui tá mais para "A Filha do Demolidor"...

Já vi na televisão, há tantos anos que ainda devo ter visto a preto e branco. Era com a Sarah Miles, se não me engano. Grande filme!