agosto 13, 2007

Projecto Mar Sem Fim

Há dois anos, o jornalista João Lara Mesquita velejou por toda a costa brasileira com o objectivo de fazer um levantamento exaustivo dos principais problemas ambientais dos quase 12.000 km da costa brasileira. O projecto Mar Sem Fim deu origem a uma série de programas na televisão brasileira e a um livro, a lançar brevemente. Eis alguns números preocupantes revelados por ele:

- A segunda maior fonte de poluição mundial é a industrial. A primeira é o esgoto doméstico e urbano.
- Apenas 20% de todo o esgoto doméstico recebe algum tipo de tratamento. O restante (cerca de dois milhões de toneladas por dia) vai parar ao mar.
- O contrabando de peixes ornamentais e animais silvestres é um problema sério na região Norte. 10% dos 38 milhões de animais retirados anualmente das florestas saem do Brasil.
- Só nos últimos 40 anos, a Amazónia perdeu 15% do seu tamanho original.
- Para cada árvore que chega às serrações, 27 caem inutilmente. E quando são beneficiadas, apenas dois terços da madeira são aproveitados.
- O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente) tem pouco mais de 600 fiscais para tomar conta de toda a região amazónica – que, no entanto, representa 61% do território brasileiro.
- Numa praia de Alagoas, a sede do IBAMA fica na mesma praia onde barcos camaroeiros passam redes de arrasto, que levam junto as tartarugas, devolvidas ao mar quase sempre mortas.
- As águas dos tanques de lastro dos navios estão a provocar bioinvasão. Calcula-se que anualmente 7 mil espécies são transportadas neles de um lado para o outro do planeta.
- 23% da área terrestre brasileira é protegida com algum tipo de reserva, contra menos de 1% das águas territoriais. No mundo inteiro, menos de 0,5% dos oceanos estão protegidos.
- No Ceará, a pesca da lagosta caiu 70% nos últimos 10 anos.
- A pesca de arrasto é a mais danosa ao meio-ambiente: para cada 10 kg de camarão pescado, 8 kg de fauna extra é capturada e deitada fora, quase sempre morta.
- A partir de 2050, as populações de peixes e moluscos entrarão em colapso, caso a tendência de pesca e destruição de habitats continue no ritmo actual.
- 80% do petróleo que vaza para os oceanos sai dos escapes dos automóveis e, em forma de chuva, cai no mar.
- Em menos de 15 anos, dobrou o número de zonas mortas nos mares do planeta por insuficiência de oxigénio. Já são mais de 150.

No entanto, nem tudo está perdido. Eis alguns exemplos a seguir:

- Na Paraíba, a orla marítima foi preservada da especulação imobiliária que assola todo o litoral brasileiro.
- Em Fernando de Noronha, é cobrada uma taxa diária que paga, entre outras coisas, a colecta de lixo a domicílio e o seu transporte de navio para o continente.
- A Ilha do Caju, no Delta do Parnaíba entre o Piauí e o Maranhão (mesmo aqui à porta!) tem-se mantido praticamente virgem, graças a uma política rígida de preservavação dos seus donos.
- Na Ilha de Boipeba, na Bahia, as pousadas ficam atrás da primeira fila de coqueiros, ainda que na beira da praia, preservando a paisagem natural.
- Criado em 1980 para proteger as 5 espécies de tartarugas que habitam o usam brasileiro, o Projecto Tamar só merece elogios. Actualmente, abrange cerca de 1.000 km de praias ao longo de 8 estados.


(fonte: Náutica)

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