agosto 23, 2007

Como o clima dos Açores


A minha cabeça é como o clima dos Açores: as quatro estações num dia só. Tanto brinco às decoradoras, toda feliz, como me desgasto em neuras furiosas que me consomem, querendo afogar-me em caipirinhas e ouvir a Gaivota cantada pela minha adorada Amália, como, aliás, faço sempre que tenho a alma chuvosa.

Hoje não é de Portugal, da família ou dos amigos que tenho saudades. É de ter alternativas, de poder escolher fazer o que me apetece, seja tomar uma italiana no quiosque do Jardim das Amoreiras, ir passear de carro sozinha pelo campo de máquina fotográfica em punho, armada em Cartier-Breton, ir beber um gin tónico na varanda do Albatroz ao fim da tarde ou almoçar a Peniche.

Aqui não se vai a lado nenhum, a não ser que se durma lá. A distância e o isolamento pesam-me. Aqui é tudo longe, comprido, a dezenas e dezenas de kilómetros de mim, ou então é perto, como a praia, mas ironicamente impossível de lá ir sem se combinar pelo menos de véspera, arranjar um piloto para o barco e levar com ele o passeio inteiro, pois, apesar de ser exactamente o que me apetece, não seria muito sensato fazer-me ao rio sozinha. O mais longe que consigo ir sozinha é aos viveiros, e confesso que a paisagem já me cansa.

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