maio 10, 2009

Sabe tão bem.

Tornei-me revivalista à força. Também me tornei nostálgica, patriotico-fanática e sentimentalona, mas isso agora não tem nada a ver, como diria a outra. Ou tem. Por acaso até tem. Digo isto porque nunca fui nada que se parecesse, nem remotamente (a idade a distância fazem coisas estranhas às pessoas...), e achava uma pieguice monumental sê-lo até há bem pouco tempo.

Este fim-de-semana estou sozinha, o Diogo viajou para o Brasil por umas semanas (buáaaaa!). E, por circunstâncias nada agradáveis, diga-se de passagem, a Isabel, minha amiga de infância, terá de passar os próximos fins-de-semana aqui na Parvónia. Vai daí, proporcionou-se ontem uma tarde daquelas. Veio ela e o irmão mais novo, que até há uns anos era invisível (amigo do meu irmão mais novo e portanto puto, não sei sei se estão a ver?...) O puto R. é hoje em dia um advogado de primeiríssima linha, está muito bem casado e com filhos (liiiiindos!), com interesse, com conversa e mais: tem uma memória inesgotável para histórias antigas das nossas duas famílias. 

Eu, que perdi o meu Pai quando tinha 21 anos - e ele esteve doente e muito diminuído por um enfarte (aos 50 e poucos!) nos últimos dez anos de vida - adoro ouvir o R. contar as histórias que ouve do Pai dele (eram grandes amigos), que me dão a conhecer uma faceta profissional do meu Pai de que eu não tinha a mais leve noção.

Por ele (shame on my sisters!), fiquei a saber que o meu Pai introduziu a suinicultura intensiva em Portugal (os pavilhões do meu Pai foram os primeiros do país - e ainda existem), que era uma sumidade e dava ordens ao país inteiro na matéria, e que dava consultoria para toda a Europa - eu, que achava que ele era veterinário e agricultor... - e que só não foi administrador da maior fábrica de rações do país porque teve um enfarte entretanto, e os cabrões dos americanos aproveitaram-se desse facto.

Também soube que a minha Mãe - além de directora de um hospital e delegada de saúde por décadas a fio - quando veio para cá, há mais de cinquenta anos, fez um trabalho importantíssimo de cariz não só médico como social (sem ganhar mais por isso - típico dela...). Este concelho (que é enorme, diga-se de passagem) deve-lhe a erradicação total de algumas doenças epidémicas graves, a informação porta-a-porta (literalmente!, disso lembro-me, acompanhei-a muitas vezes em miúda) sobre cuidados de higiene básica, desinfecção de alimentos e coisas assim. Coisas que hoje em dia toda a gente sabe, mas que naquela altura não era bem assim.

Ainda vou escrever muito sobre o que era a Parvónia há quarenta anos...
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10 comentários:

Gi disse...

Mad, a suinicultura intensiva não é o que eu penso que é?

Mad disse...

É a cultura de porcos em pavilhões, coisa normal hoje em dia. Há 50 anos só em pocilgas :)))

Mad disse...

É melhor explicar: pavilhões (com baias com porcas parideiras) controlados a todos a níveis: de saude, alimentação, etc. Não tem nada a ver com genética :)))

maria teresa disse...

É tão bom ter coisas boas para recordar. Pessoalmente também tenho tido esse privilégio. Já há uns anos que ando a tentar deixar algum património sentimental aos meus netos, escrevendo memórias, relatando viagens, histórias de família, correspondência antiga,...
A Mad ainda é uma jovem, vai ver que essa necessidade se vai agudizando com o avanço dos anos, e não nos entristece relembrar, pelo contrário, faz-nos sorrir e sonhar.

Mad disse...

MT,
Faz lindamente. Acredite (e eu falo por mim, e já não sou assim tão jovem como isso) que eles vão agradecer-lhe. E este tipo de coisa não me entristece, pelo contrário: faz-me sorrir :)))

Fatyly disse...

Foi bom saberes mais e melhor a postura dos teus pais enquanto viveram, porque as coisas tornam outras dimensões tão agradáveis que até ali não demos a devida importância, ou porque nos passaram ao lado ou por puro desconhecimento.

A minha mãe tem uma memória de elefante e lembra-se de coisas que não te passam pela cabeça. Há coisas que nada me dizem e outras fixo, tal como o que eu fui e o que aprontava com 3/4/5 anos e por aí fora.
A minha filha mais velha, o meu irmão e irmã mais novos e um sobrinho já têm a "história da família desde os 2 anos de idade da minha mãe" manuscritos" por ela e com fotografias coladas e tudo.
Eu disse logo que não queria porque ...sou assim mesmo e não tenho concerto:)

Ao longo do crescimento das minhas filhas fui anotando datas em que tiveram as doenças habituais de miúdos, frases engraçadas e depois dei-lhes com o álbum de fotografias que cada uma tinha.

Quando nos juntamos...lá vêm as conversas do passado e por vezes fujo para o quintal...êpa acho que estou a piorar com idade:)

Goste muito deste teu post!

@na disse...

é tão bom sabermos estas coisas... E se já é bom quando é contada pelos protagonistas, melhor ainda quando contada por outras pessoas, ficamos a perceber com que olhos eram vistos.

beijos

ph disse...

é sempre aquele orgulho cada vez que falamos nos feitos dos papas ;)

LUA DE LOBOS disse...

reencontrei uma amiga de infancia que me contou coisas dos meus pais que eu nem sonhava:::)) Giras !!!!
enfim, outro olhar sobre as mesmas pessoas
xi
maria

Mad disse...

Fatyly,
És tramada :)

@na,
Tocaste no ponto certo :)

Ph,
Pois é :)

Maria,
Exactamente. Bem-vinda :)