novembro 01, 2007

A escolha de Sofia

Aqueles que me lêem que não têm filhos ou animais de estimação – no meu caso vai dar ao mesmo – não vão talvez perceber a gravidade da coisa, mas estou com um problema bicudo. Tenho dois cães adultos (um pastor alemão e um rottweiler) que literalmente não se podem ver um ao outro e que brigam de morte cada vez que estão juntos – o que não acontece nunca, obviamente, porque os mantenho permanentemente separados. O que significa ter pelo menos um deles, e muitas vezes os dois, presos na corrente, o que é completamente contra os meus princípios e me revolta as entranhas, como quem me conhece bem pode imaginar. Há algumas soluções à vista, mas nenhuma delas me satisfaz totalmente.

Uma hipótese, a meu ver temporária, é construir um canil e mantê-los presos à vez. Mais uma vez, detesto isto. Detesto ver um cão preso, seja de que maneira fôr.

Outra é arranjar uns açaimes que funcionem e experimentar soltá-los açaimados para ver se se cansam de brigar, enquanto rezo para ver se isto dá resultado e se nenhum deles se consegue livrar do açaime e mata o outro. Dizem-me que é utopia. E ver cães de açaime é pior que vê-los presos.

Outra hipótese é castrá-los. O Diogo, como macho que é, acha isto bárbaro: acha que é tirar-lhes a essência e mudar-lhes a personalidade por métodos artificiais. Eu só digo que há 50% de chances de não funcionar. E se não funcionar, fi-los passar por isto em vão? Ná...

Outra hipótese, quanto a mim a mais lógica, é dar um deles. Mas no Brasil não conheço ninguém a quem confiasse um cão meu, que tome conta dele, que cuide dele, que o leve ao veterinário quando precisa, que o mime e que o alimente tão bem como eu. Mais uma vez, quem me conhece sabe que mais depressa passo eu fome do que os meus cães. E aqui os cães comem “o que houver” e morrem de doenças graves como a “sarna” e a fatalíssima “era o que faltava era eu gastar dinheiro num veterinário!”

E há outro problema: dar qual? O Batata, o rottweiler, é uma ovelha de meiguinho, mas é enorme, forte e bruto, como qualquer cão de 1 ano que pesa quase 60 kilos e não tem noção da força que tem. Já para não falar que tem displasia coxo-femural, uma doença genética típica da raça e que significa que já gasto uma fortuna em remédios que ele tem que tomar para o resto da vida e provavelmente vou gastar outra a operá-lo quando ele fôr mais velho só para ele ter uma vida melhor (a doença não tem cura). Além de que ele come 50kg de ração por mês. O Xuruca, o pastor alemão, come metade disso, é 100% saudável, pesa só 30 kg (os pastores alemães são bastante mais pequenos aqui no Brasil) e é muitíssimo mais obediente. Mas tem 5 anos, está mais habituado aos “pais”, ao espaço enorme e à vida que tem aqui e, como bom pastor alemão, larga pêlo que se farta. Também sofre muito mais que o outro por estar preso a maior parte do tempo, coisa que detesta. Uma excelente solução seria dar um a uma das minhas irmãs (que o trataria como filho, não tenho a menor dúvida), mas ela só tem força para o Xuruca.

Pago todas as despesas de levar qualquer um dos cães para Portugal, portanto aceito sugestões de adopção. Mesmo estando no Brasil, vou arranjar maneira de alguém fiscalizar o estado do cão se e quando fôr adoptado. E, acreditem, se fôr preciso vou buscá-lo outra vez. Conhecem alguém que queira um cão muito fôfo, muito meiguinho e muuuuuuito mimado? Eu dou e levo até aí. Mas vou fiscalizar. Watch me. Agradeço toda a ajuda possível.

9 comentários:

Maria Feliz disse...

Hum... a ficar com algum, óbvio que escolheria o Xiruca. Porque adoro a raça e conheço o menino:)

Mas já temos uma Golden, duas gatas e uma coelha anã, uma tartaruga e um peixe laranja... E viste a carta de Natal do mais velho!!!

Boa sorte!

Maria Feliz disse...

* Xuruca
Sorry!

Maria Feliz disse...

* Xuruca
Sorry!

Maria do Consultório disse...

Que pena!
Boa sorte.
Vou pôr lá no meu blog.
beijo

Fatyly disse...

Eu não quero porque vivo num apartamento, mas de facto pelo que conheço de cães tens duas raças que não se gramam, já que o Batata é muito territorial e o Xuruca sendo menos, não deixa de testar a capacidade dos outros.
Em Angola e como os meus pais tinham um quintal enorme, tivemos vários cães, mas o Kuanhama (serra da estrela) brigavam constantemente com o Lucky (buldogue) e como vês raças bem diferentes.
A castração não é solução e o problema manter-se-à.
Vai-te custar muito, mas mesmo por cá não terás grandes soluções a não ser mantê-los distantes, presos ou açaimados, ou alguém que fique com ele...para depois o abandonar.

Anónimo disse...

Eh! Fatyly


EU NÃO ABANDONO OS MEUS CÃES.

Neste momento só tenho um pastor alemão.
Mas o Batata, sorry, mas já tive um Pastor Alemão com a displasia da anca e sei o que passei com o sofrimento dele.

Nem pensar em passar por isso outra vez.


Beijinhos

Fatyly disse...

Eh Marta:)

Acredito piamente que não abandones, mas há quem o faça e este verão foi por demais. Sabes porque sei? Além de os ver na rua, fui ao canil municipal de Sintra por causa do meu gato e mediante o espectáculo, optei pelo veterinário particular e teve que ser abatido conforme contei lá na cubata.
Eram tantos cães e gatos de todas as raças tendo sido a maioria apanhado nas ruas no mais completo abandono. As palavras não são minhas, são de quem me atendeu.Alguma vez pensei que o nosso Pompom durasse 20 anos? e no final deixava-o naquelas gaiolas à espera do veterinário que tinha ido de férias?

Antes de se ter um animal, deve-se pensar muito bem, porque crescem, adoecem, envelhecem e morrem...tal como um humano.

Mad disse...

Florinha, mas podias pensar nisso... e tu já o conheces e tudo! Não era lindo? Lembras-te das lambidelas de palmo que ele e o Pongo davam à tua cachopa?

Maria, bem-vinda. Obrigada pela ajuda.

Fatyly, não me passa pela cabeça dá-lo a alguém e depois não ir lá ver! Eu tive cães a vida inteira e mais do que ao mesmo tempo, de raças diferentes e/ou iguais, mas nunca uns que brigassem tanto como estes dois. Claro que concordo contigo que pensar em ter um cão tem que ser encarado como um "projecto" para 10 ou 15 anos, mas isto nunca me passou pela cabeça.

Marta, por enquanto o Batata (que é o rottweiler, e não o pastor) está óptimo e eu tenciono fazer tudo o que estiver ao meu alcance para manter as coisas assim. Se ele começar a sofrer muito, logo vejo. Parte-me o coração, mas se calhar não terei outro remédio...

Se conhecerem alguém de confiança, agradeço que me avisem. Terá de ser o pastor, claro, porque quem é que vai aceitar um cão doente???

Maria Feliz disse...

Miga,
Já falei com o meu mais que tudo. Só a longo prazo é que podemos pensar nisso... Se ainda formos a tempo, daqui a uns meses, candidatamo-nos, boa?

Beijos