outubro 24, 2007

Mais eu

Tenho saudades de escrever. De olhar para este blog como se fosse um diário só para mim, em vez de o encher com gadgets, fotografias que não me dizem nada (a não ser ao sentido estético) e de pensar se a página está visualmente agradável (eu, que sempre detestei a palavra "agradável"!). Não era suposto ter dado nisto.

Reli os meus primeiros textos, a maioria sem imagens, e vejo-me ali. Lembro-me de sentir o que escrevi, ao contrário dos últimos posts, em que chego a escrever sobre a Cameron Diaz, atriz que não me interessa minimamente, quanto mais a sua cor de cabelo...

Escrevo diários, contos, livros, reflexões, histórias de viagem, de amor, até eróticas, desde que tenho 14 anos. E hoje, que tenho tempo, espaço e oportunidade para "me publicar", perco tempo e latim com a cor dos cabelos de atrizes de Hollywood de segunda categoria (vá lá, por mais bonita que ela seja, não é propriamente a Meryl Streep!)...

Acho que vou reinventar o blog. Ele até está de boa saúde: tenho uma média de 50 visitas por dia. Mas quando vou às palavras-chave, vejo que a principal causa de novos "clientes" aqui chegam é "como fazer rissóis" (mas como???), "em quanto tempo se decompõe uma casca de laranja" (vá lá, ao menos denota preocupação ambiental...), "fuck sex" (previsível, depois daquele post), "alentejo" (como é que eu apareço nas primeiras páginas de uma pesquisa só por "alentejo", alguém me explica?), "como construir um barco" (tá bem), and so on... O que eu queria mesmo era ser googlada (ahá pois!) por frases como "estado zen", "uma vida cheia", " reflexões sobre uma breve passagem por este planeta", "como plantar sardinheiras", e outras que tais.

Talvez eu esteja (para variar) com a neura; talvez eu esteja sob a influência de um email que recebi há uns dias de um velho amigo, que descobriu o meu blog há poucos dias, o leu de uma ponta à outra e os posts que comentou foram exactamente aqueles em que eu falo de mim, do que penso, do que sinto, da minha vida, dos meus sentimentos; talvez eu ande a descobrir outros blogs mais pessoais e que não falam exaustivamente sobre política nacional ou a última calinada do Sócrates/Bush/Lula nem de banalidades que não interessam ao menino Jesus; talvez eu não tenha gostado de ouvir o Diogo comentar, há uns dias atrás, dos posts que não têm comentários, que não "venderam"...

A partir de agora, quer gostem, quer não, vou estar mais presente - e ser menos assídua, consequentemente... - ser mais eu. Sem, claro, querer dizer com isto que, a partir de agora, vou escrever sobre o que cozinhei para o almoço, o que fez o Diogo dar-me mais mimos do que o costume, ou o spray que uso para tirar as carraças dos cães (a propósito, o Frontline não funciona no Brasil, deve ser falsificado no Paraguai).

Vamos ver no que isto vai dar.

28 comentários:

Maria Feliz disse...

A telha pega-se, é?
Eu mais uns tempinhos (poucos) e acho que acabo com aquilo.
Fica a Marca de Mão e mai'nada!

E acho que toda a gente vai adorar ler o que fizeste para o almoço;-)

Beijo grande

Anónimo disse...

Mad. acho muito bem! Nos blogues sempre procurei ler pedaços de literatura que cada um tem dentro de si, uns mais profundos do que outros, é certo, mas encontram-se verdadeiras pérolas. Foi isso que tentei fazer no meu (não ponho aqui o link porqeu ainda não me dei ao trabalho de aprender!). E dá-me muito gozo, sobretudo porque me obriga a escrever quase diariamente, a procurar poesias, a revisitar livros antigos que estão na estante esquecidos... e não há melhor do que isso! Fico à espera!

Quanto a receitas põe sempre que a gente copia e faz aqui deste lado!

beijinhos!

MRR disse...

Penso que todos aqueles que escrevem nos blogs transmitem, essencialmente, estados de alma. A velocidade a que escrevemos, a periodicidade das publicações e mesmo os assuntos que trazemos à blogosfera, não podem ser (nem acho que devem) feitos da mesma farinha.
Eu, não tendo propriamente um "blog pessoal", não me preocupo quantas pessoas o visitam, de onde vêm ou como lá chegaram. Escrevo, essencialmente, para todos e tento deixar um legado para alguém que, um dia, queira continuar o Blog "vivo".
Por isso, Madalena, se num dia te apetece publicar algum fútil,banal, foleiro, pimba, etc, etc, fá-lo! Mesmo que "não o vendas", há sempre quem o leia.
E Janeiro está quase aí!!!!

Andre Frazao disse...

Sentir-se refém duma certa estética em conteúdos e formas não é certamente novidade nestas andanças. A provável solução passa mesmo por esquecer as visitas, os agrados, os leitores, os comentários e deixar de apontar para fora e colocar o blog mesmo na direcção do nosso umbigo, necessariamente do nosso prazer de escrever.

Mad disse...

Cenoura e André: puseram o dedo na ferida.

Cenoura: podes ter a certeza que publico, por mais pimba que seja, afinal é o meu be-lo-gue. E é verdade: Janeiro tá quase aí! Yuuuuupiiiii!!!

Mas, André, há o perigo de se tornar demasiado íntimo, já que eu nunca tive muita paciência para arranjar alter-egos que respondam pelos meus desvarios. Como podes ver, só falta mesmo o número de telefone de casa (e acho que quem quiser, descobre-o!). Obrigada por voltares.

Mad disse...

FL, atreve-te!

Sofia, vou mesmo tentar escrever mais, mas falta-me paz (não tempo) às vezes. Quanto à minha colecção de receitas, podes encontrá-la aqui, mas nesse campo não há igual ao blog da minha irmã!
PS - Viste como eu já estou craque nisto?

Anónimo disse...

Para mim, a melhor estética, é se quiseres pôr imagens, escolher as que tu achas que vão melhor com o post, e borrifa para o resto, não é que seja exemplo para ninguém, mas escrever em função dos outros, é como viver à espera da opinião desses mesmos.

Se soubesses o que procuram nos meu, até te arrepiavas.
Dizem aí pela blogosfera, que os comentários são 1 a 3 por cento das visitas.

o Frontline cá, já tem de ser o Comb, Frontline Comb, o outro já não faz efeito.

Força, escreve o que te apetecer.


beijo

Leonor disse...

Amei a frase por baixo do Leave your comment :-)
Vinha aqui dizer olá, concordar com o que disse em relação a alguns blogues de política mas fiquei-me logo pela frase.
Beijinho

Mad disse...

Marta, sempre presente. Não desisto das imagens. São complementos excepcionais, e até podem ser tudo. Não vivo sem imagens. O teu blog é um excelente exemplo de como bem se (d)escrevem sensações e reflexões.

Já o da Papalagui (olá!, sê bem vinda!), descreve tão bem os cenários (sejam eles fictícios ou não) que a rodeiam.

Unknown disse...

Aplaudo a decisão!! E fico à espera dos textos confessionais, que são os teus melhores. Além disso servem como catarse para as neuras e como escape para as fúrias.
E já agora ensina-me uma coisa que sempre me intrigou: como é que vocês sabem com que pistas as pessoas vão parar aos blogs??? Nunca percebi isso.

bjs
m'ana

João Paulo Cardoso disse...

Cara Madalena:

Começo coloquialmente porque vou me alongar um pouco mais do que o costume (o que até é bom porque ouvi dizer que nesta idade os alongamentos são muito importantes...)

Em relação à vontade de remodelares o blog, fazendo dele o teu diário, com a boa literatura impregnada de poesia, intimismo, ironia e sarcasmo que já se adivinha, tens o meu voto.

Mais para mais, pimba ou erudito, sem nexo ou pertinente, com mais ou menos imagens, a base de um blog, quer se queira quer não, é imutável: publicar textos e/ou imagens para que outros leiam ou, ainda melhor, leiam e comentem.

Não sejamos falsos moralistas nesta questão.
Sendo algo que publicas na internet jamais poderá ser "um diário só para ti" e tu sabe-lo bem.

Quanto às anunciadas mudanças no teu blog, e voltando um pouco atrás, elas serão não só a tua vontade de fazer mais e melhor, mas também a assumpção daquilo que escrevi mais acima, ou seja, um blog será sempre o que quisermos que seja.

Fico à espera das (boas) novidades.
Também vou gostar de ler algo mais intimista, o que significa que já não vais estar a escrever só para ti, como para quem gostar da nova fórmula.
A vida tem estes paradoxos deliciosos.

Quanto ao meu "Eldorado", lá vai continuar com o seu perfil de Feira da Ladra, tendo de tudo um pouco: Poesia, estupidez, piadas mais ou menos conseguidas, melancolia, badalhoquice, and so on...

Mas o que eu gostava mesmo era escrever sobre política de pescas no Canadá da década de 40...

Beijos.

Capitão-Mor disse...

Bom, creio que já iniciaste esta nova fase com um belo texto. Vou aguardar esse teus devaneios...

Mad disse...

Ana Loira, está lá embaixo (aqui no meu blog) um quadradinho que se chama Statcounter. Segue o link, faz um novo registo e segue as instruções. Podes inscrever vários blogs (acabei de perceber que deves ter mais um secreto, pela assinatura...).

JP, don´t get me wrong: desde o dia em que nasceu que este blog é público. Obviamente! Quanto digo que tenho saudades de ele ser quase um diário, é dos meus textos da altura que falo, que eram escritos "como se ele fosse um diário" e não esta espécie de revista de variedades em que se tornou.

Claro, meu querido, deixemo-nos de veleidades: quem não quer ler lido escreve em papel! Essa de "eu não escrevo para os outros" é uma grande treta.

Bjs.

Anónimo disse...

gosto do mix

amigo idoso

Anónimo disse...

Madalena, sabes como estive por perto quando nasceu este blog. E apesar de tudo não sonhas como gostei dos teus primeiros posts, todos eles textos que te mostravam por dentro. Grande parte das saudades que senti quando te foste embora - já na era do blog - devem-se não só ao que falámos, juntas e ao vivo, mas ao resto que completava tudo e que mostraste nos textos.
Podes voltar a esse registo, podes fazer o que te apetecer mais, o que não podes é deixar-nos agora sem te ler, nem que seja a falar de banalidades, ouviste?
Também fico deste lado à espera... do que quizeres.
Beijo grande, prima. E força aí!
Rosarinho

Mad disse...

Amigo anónimo e idoso (gostei!): bem vindo a este blog blá blá blá. Obrigada pelo comentário. Eu, por acaso, e como aliás se vê no texto, estou a desgostar do mix...

Prima querida e adorada, nem que fosse por esta proximidade (foi preciso atravessar o atlântico) que temos hoje em dia (e que nunca tivemos), já teria valido a pena o blog. Bjs.

RReinales disse...

Querida Mad, o segredo da coisa está em fazer efectivamente o que te der na real gana, pois obrigações já todos temos a mais neste "admirável mundo novo". Do hard-core ao erudito, dá-lhe o destino que melhor entenderes, pois cá estaremos sempre independentemente dos formatos.
A propósito, o que faz o raio do Paul depois disto?? eh, eh

Anónimo disse...

Eu que vim aqui para te propôr um duelo, não por causa do Cachucho (LOL), mas por teres dito "por causa da parvoeirice da prima" no blog da mana, já não quero o duelo.

Rendo-me. Estou comovida. És linda.
Por tudo o que dissémos,
Viva o teu blog, seja lá em que formato for.
Hip,hip,hip, hurra!!!
Beijos, beijos, beijos
Rosarinho

Sofia K. disse...

Mad, acabas o teu post a dizer 'vamos ver no que isto vai dar'... já viste no que deu? Todos te pedem bis... destes textos, mas também daquelas coisas que nos fazem rir... a propósisto, por curiosidade, fui ler as tuas pérolas de literatura de que falavas e gostei... quero mais! Mas se quiseres também podes ir mandandando uns camarões que a gente gosta sempre e não é só para os rissóis!

beijinhos
p.s. Hoje podes ir matar saudades do frio no meu blogue!

Mad disse...

Luís,
Provavelmente vai ser mais hardcore, que eu sou preguiçosa demais para grandes erudições. Quanto ao Paul depois disto, that'me! Bjs.

Rosa,
Esparvoeirice no bom sentido, claro. Chuac!

Sofia,
Estas festinhas ao ego souberam-me a pato. Quanto aos camarões, só se forem virtuais... Bjs.

Rui Caetano disse...

Toca lá a escrever, é uma forma muito interessante de travar conhecimentos com os outros habitantes deste universo controverso.

ana v. disse...

Daqui, a loira... não tenho mais nenhum blog secreto, comentei sem estar registada e saíu assim, não sei porquê.
Vou espreitar essa coisa do Statcounter, que eu até acho que já tive em tempos. Mas não me lembro de ter acesso a essa informação das pistas para chegar ao blog! Vou ver...

JP,
Gostei de ver-te falar a sério: muito bonito, sim senhor. Os alongamentos estão a fazer-te bem. E não desesperes, um dia chegarás ao aprumo de postar sobre as pescas no Canadá! Não terás é nenhum leitor, mas isso é um pormenor. Só escrevemos para nós próprios e blá, blá, blá...

beijos

tcl disse...

Olá Madalena prima da Rosarinho (parecidas mesmo... têm a certeza que não são irmãs?)

Obrigada pela visita ao meu blogue e aos imensos comentários. obrigada mesmo...

sobre este teu texto, acho que acontece um pouco o mesmo a todos nós, não é? Começamos a escrever coisas mais íntimas, mais pessoais pensando que estamos por aqui sozinhos, às tantas reparamos que até há quem nos leia e, como qualquer ser humano, salta-nos cá para fora aquele desejosito de agradar, de ser giro e tal, de suscitar reacções e comentários e pimba, damos por nós a escrever coisas que nunca pensámos. Depois há todos os outros blogues por onde passamos, as relações virtuais que vamos fazendo e é impossível não sermos influenciados pelos outros. Como viste, o meu blogue é uma grande salganhada, um pouco como o teu, mas é isso que acaba por mostrar o que nós somos. A mim, tanto me dá para as histórias de fazer chorar as pedrinhas da calçada, como para os mais completos disparates, é conforme me vai a alma e é isso que me faz bem. Os blogues pretensamente literários ou literários à séria ou me irritam ou acabam por me cansar. Em suma, viva a diversidade da escrita!

Anónimo disse...

Madalena, já viste que a Teresa, tua novel (é bonito dizer assim não é?) comentadora nos acha parecidas?
Isto e mais o post dos olhos verdes deram-me uma ideia:
Será que o Cachucho dava pela troca?... Eu ia aí, tu vinhas cá, ah e tal,...
E pronto, lá estou eu a asniar.
Deves estar pouco peneirento, deves, ó primaço!
Meninos, eu estou SÓ A BRINCAR, ouviram ?

Rosa

Mad disse...

Teresa, concordo completamente. O meu blog é como eu: uma autêntica salada russa. Mas tinha que ser assim, não tenho muita paciência para me armar no que não sou. E "obrigada pelos comentários" era escusado :) Só comento o que gosto e já não tenho idade para fretes. Beijinhos e volta sempre.
PS - E já viste o raio da prima a esticaaaaaaar-se?

Rosa Maria, tu apanhas! Não querias mai nada!!!

tcl disse...

Bom, eu só não me estico, porque, enfim o Brasil é um nadinha longe e a menina é prima da Rosarinho, o que confere ao maridito a condição de interdito... senão, que olhos verdes do caraças! E o resto? confere? (inveja......!)

Mad disse...

Teresa, SE CONFERE!!!

Anónimo disse...

E depois eu é que me estico, hein, gajas?
Sem comentários. O mulherio tá louco de todo!