setembro 17, 2007

O quadro desaparecido

Como toda a gente já sabe desde sábado (dia em que eu estou a escrever isto), apareceu, encafuado numa arrecadação do CCB, o quadro “Camões”, de Júlio Pomar, desaparecido há 4 anos. Por acaso, um quadro que eu adoro de um pintor que eu também adoro. Se bem me lembro, na altura houve uma investigação da PJ, apesar de não ter havido queixa por roubo, que supostamente escarafunchou todos os buraquinhos possíveis e imaginários de Portugal e arredores – incluindo os do CCB, o que já é estranhíssimo.

Primeira questão: porquê procurar no CCB? Os funcionários responsáveis pelo inventário ainda não tinham feito isso? Segunda questão: o quadro tem quase 2 metros por 1 e tal, nas palavras do próprio autor, e apareceu montado na sua armação na tal arrecadação. Era assim uma coisa tão pequenina para escapar às diligências da PJ e dos funcionários do CCB? Apareceram também outros quadros desaparecidos de Almada Negreiros, assim tipo “É pá!, os gajos afinal tavam aqui! Fónix!”.
Como é que isto acontece? “Perde-se” um quadro que vale uma pipa de massa como se fosse um par de chinelos velhos? E “acha-se” 4 anos depois? O nosso património artístico está entregue a quem? Às mulheres a dias? A directores de centros culturais que se calhar mais valia serem as ditas? Cruzes credo!

4 comentários:

Pedro F. Sanchez disse...

"Dá Deus Nozes a quem não tem dentes".

Isto acontece aos povos que sendo riquíssimos em património, cultural, artístico, intelectual, se dão ao luxo de o esbanjar, tratar mal, abandonar, sem se importar. O que vale é que nem todos os ricos de património fazem isto senão tornar-se-ia dificil de o contemplar.

Mas cuidado pois eu mesmo acreditando neste reencontro dos quadros, pelo sim pelo não e à cautela mandaria fazer provas forenses dos mesmos, não vá o Diabo tecê-las.

O Júlio Pomar ainda poderá garantir da veracidade do seu quadro, que tambem adoro, quanto ao do Almada Negreiros, como já não se encontra deste lado o melhor é verificar.

Claro que este comentário é perfeitamente estúpido, pois como devem calcular ficou tudo muito contente, e os quadritos vão já fazer parte duma Expo qualquer quer sejam falsos ou verdadeiros.

Anónimo disse...

Ai, ai, como está mal entregue e mal tratada a coisa pública. Eu, até prova em contrário, já não acredito em ninguém. E se eu mandasse, todos os candidatos a políticos, gestores públicos, dirigentes de serviços do Estado (vulgo chefes da função pública) eram postos durante uns meses a gerir uma coisinha pequena e a principal condição era: "Faz como se fosses dono disto: Se houver lucro, lucras, se houver prejuízo, pagas". Os que conseguissem mostrar bons resultados, então eram "contratados", mantendo-se esta condição.
Isto de a culpa morrer sempre solteira faz de nós gente cada vez mais desencantada, não acham ?

Mad disse...

O Diogo, como o PP, achou logo que tudo isto era uma treta exactamente para se "acharem" umas cópias que passam por verdadeiras. Eu não acho. Acho que é incompetência mesmo, descaso, que-se-lixismo.

Helena Ribeiro disse...

"Tenho mais que fazer",percebe-se. Mas temos pena que não ande por aqui desde 2007.

Manuel de Oliveira, quando lhe perguntam se tem medo da morte, responde que não tem medo nenhum da morte, tem medo é da vida...