junho 21, 2007

Insónia

São onze da noite, hora em que a casa fica em silêncio e o tempo, suspenso, parece outra vez inteiro e todo meu. Não há perguntas nem exigências, faladas, miadas ou ladradas.

É a esta hora que me dói mais a ausência dos outros, que sinto mais a distância do quarto de mundo que me separa do meu outro mundo, o tamanho enorme do meu tempo, a minha insónia desperdiçada, as saudades de quem não voltarei a ver.

A esta hora a solidão deixa-me marcas, as saudades cavam-me rugas que ficam gravadas na alma. Entristeço ao pensar que a vida dos outros continua a correr sem mim. Uma réstea de optimismo diz-me que tudo isto serve para fortalecer o carácter, mas que se lixe o carácter.

Está a chover. Está a chover tanto, que o céu parece cair inteiro sobre o meu telhado, num dilúvio de proporções bíblicas que ameaça durar a noite toda e transformar a casa numa ilha.

Hoje sou uma ilha dentro de outra ilha.

5 comentários:

ana v. disse...

Mas tu estás a gozar comigo?????? Então este blog não é cada vez mais uma coisa séria? Muuuuuito séria, aliás. Eu diria mesmo fatal, porque da próxima vez que cá vieres a miss David's dá-te cabo do canastro. É limpinho!
Vá lá, anima-te. A vida é bela, sim. Às vezes, até a nossa.
Bjs
m'ana

ana v. disse...

Ah, e tira o comentário sarcástico sobre o meu site, sim? Está pronto. (enfim, praticamente, que a Miana está em exames...)

Mad disse...

Gostaste? Eu queria pôr essa história, mas achei que a alcunha se perdia na escrita. E da próxima vez que aí fôr, ela deve pesar menos 15 kg...

Maria Feliz disse...

Ai, ai... até suspiro com o que tu escreves, imagina!
Pronto, eu também sou um bocado fácil... para o suspiro, entenda-se!!!

Beijocas

Anónimo disse...

Tás cada vez melhor, prima. Se os teus posts são cada vez mais imprescindíveis, como podes dizer que a nossa vida continua a correr sem ti ?
Já que não dá para a gente se ver, nem num bar qualquer de qualquer vila, nem a meio do Atlântico, vou-te lendo, percebendo-te as neuras
e as alegrias...