junho 08, 2007

Cheguei ao Brasil


Na passada terça-feira, dia 5, voltei ao Brasil. Voltei à minha casa, deveria eu dizer, mas este país trata-me como se eu fosse sua enteada e por isso nunca me sentirei sua filha. Sinto-me uma ocupante temporária (e bastante contrariada...) neste território, que, apesar de lindo de morrer - há aqui paisagens absolutamente únicas -, não me consola do facto de eu não ter o meu campo ribatejano cheio de searas de trigo douradas, papoilas e giestas do lado de fora da janela.

Claro que a minha casa brasileira é território português. A atestá-lo tenho uma bandeira portuguesa de 1,5 metro pendurada no tecto no meio da sala... Não façam confusão: eu adoro a minha casa brasileira. Vivo numa fazenda aquícola (criamos peixe e camarão) de quase 100 hectares, tenho uma casa de 400 m2 com um alpendre brutal e um jardim maior ainda. Tenho os meus queridos e adorados animais de estimação, o Xuruca, um pastor alemão de 5 anos, o Batata, um rottweiler de 10 meses, a Maria, uma rafeira de 10 anos "importada" de Portugal, e o Vasco, um gato vadio de 10 meses. Por acaso agora tem sido um inferno, porque o Batata e o Xuruca brigam por liderança e têm que ser mantidos separados e presos a maior parte do tempo. E, obviamente, o amor da minha vida (que trato sempre por Cachucho), que está aqui comigo. E, usando o maior clichet de todos os tempos (e os clichets são sempre verdades absolutas), home is where the heart is. Às vezes...

À chegada - literalmente! E acreditem-me: eu vinha cheia de boas intenções! - tive logo uma daquelas cenas que me fazem cair na realidade do que é viver no Brasil. No aeroporto de Fortaleza (pasmem!: é internacional e recebe largos milhares de turistas por ano!) nunca ninguém ouviu falar de Tax Free. Quando cheguei com a factura, devidamente preenchida na Vóbis do Colombo, de um novo laptop, perguntei, com o meu ingabrasilês (sim, apesar do meu inglês impecável, passe a "imodéstia", aqui tem que se falar de modo que eles percebam: até o "português de Portugal" tem que ser abrasileirado!) onde era o balcão do Tax Free, e responderam-me imediatamente que ali mesmo à saída da porta havia dois balcões de táxis "dji confiança" (!!!!). Ai, ai...

Como é que eu não me habituo a isto? Estou aqui há 6 anos! Porque não é humanamente possível uma pessoa "dita normal" habituar-se a viver no meio de gente estúpida e desonesta por ambição (o máximo, aqui, é ser ladrão; o honesto é otário...). Perdoem-me os milhares (really?) de brasileiros cultos, letrados, inteligentes, etc., que provavelmente existem por esse mundo fora (sim!, porque eu não acredito que ainda estejam a viver no Brasil!), mas não acredito que uma pessoa, mesmo brasileira - o que à partida, pressupôe alguns handicaps... - e com os "ditos" no sítio, consiga, de um modo coerente, dizer que este país é fantástico. E isso lembra-me de um antigo chefe meu, que tinha como máxima - brilhante, por sinal - "Há que ser coerente. Até na asneira". Não. Eles não atingem tanto.

Enfim, eis a crónica, a pedido de várias famílias, da minha "rechegada" a estas terras de Vera Cruz. Foi o possível. E muuuuuito bem-educada, por sinal. Don't get me wrong..., este é um país fantástico para passar férias, mas esperimentem trabalhar - ou, pior!, fazer trabalhar - aqui e depois conversamos...

Passem bem.

9 comentários:

Maria Feliz disse...

Miga:
Sabes que eu até te compreendo! Não fiz nada do que vocês fazem, mas assisti a muito!!! Ui, ui, se assisti!
E nunca te contei o meu último escândalo, no Aeroporto Pinto Martines por causa de um pau(!!!!)
Foi cena de faca na liga. Ainda hoje os tipos se devem lembrar de mim:)
Beijos ao Cachucho

Maria Feliz disse...

Cê teim mai di trussento erru, só nessi posti:)

E num ofendji não, qui eu tênho fámilia dji miolo mole, tudinho vivendo ái, viu bichinha?

Bêjo na Pázinha:)

Mad disse...

Pau? E tu brigou pu trazê um "pau" prú Brasiu ou levando um daqui prá fora? Num entendji não. Misplica, pu favô.
Pronto, agora já chega. Já estou com comichões.
Bjs,

João Paulo Cardoso disse...

Ocê num podji falá assim do Brasiu, Dona Mádalêna!

Oía qui eu vou dêportar você, viu?

Ass: Luís Ignacio Lula da Silva

Ó Lulinha!
Isso queria ela!

Cumprimentos lusitanos para a Madalena, para o Cachucho, a Maria, o Batata, o Xuruca e o Vasco.

Maria Feliz disse...

Miga:
Eu depois explico-te! Assim, à frente do pessoal, não. Tu sabes que eu sou tímida:)

Anónimo disse...

Xi, gentxi, não esquenta, maninha! Precisa não!

Brasiu, moço bonito... eu amo ocê,viu? A terra do branco mulato, a terra do preto dotô...
Aqui em Pórtugau é tudo dotô mesmo...

Bêjo no cunhadjinho cabra macho, na Pazinha e na galera cachorrenta.

m'ana

Mad disse...

Parem todos imediatamente de falar brasileiro!!! Não acham que já me chegam os 160 milhões que pululam à minha volta como pulgas?

AAAAAAAARGHHHH!!!

Beijos (baijos e não bêjos) a todos. Tenho dito.

Maria Feliz disse...

O sol na moleirinha já está a fazer efeitos...
Passou-se!

Ti amo:)

Capitão-Mor disse...

Um texto magistral!!! Como eu te entendo!!! Também tenho uma bandeira lá no alpendre de casa...]

Procura o meu texto: "Ser Estrengeiro" de Março deste ano. Acho que também vais entender.